No passado dia 29 de Junho em frente ao consulado de Espanha no Porto, um piquete constituído por elementos do Sovait-Porto e amigos, que se solidarizaram com a iniciativa levou a cabo uma acção de solidariedade com a luta dos mineiros espanhóis e que consistiu na apresentação de uma faixa e distribuição de panfletos informativos à população.
Email recebido em 1 de Julho :
"Soy un minero del pozo Maria Luisa y quiero agradeceros de todo corazón la muestra de apoyo y de solidaridad que en el día de ayer nos habeís dado desde Oporto. Con la FUERZA que nos daís desde la distancia y con el recuerdo de tantos compañeros que se quedaron bajo tierra; con el coraje y valor de los encerrados en los pozos desde hace más de un mes y de los compañer@s que marchan hacia Madrid seguiremos peleando en los montes, en las calles o en donde sea para combatir la injusticia de nuestros gobiernos y dar un ejemplo de como se debe actuar contra los enemigos de la clase trabajadora. Obligado , salud compañeros."
DIA 30 DE JUNHO NO PORTO - MANIF CONTRA O DESEMPREGO E DESORGANIZAÇÃO dos “organizadores”…
Cerca das 15 horas vários elementos do SOV-Porto da AIT-SP chegámos ao local marcado no Porto para o início da manif do “MSE-Movimento dos Sem-Emprego”, Praça da Batalha.
Já tínhamos achado estranho o facto de nas semanas e nos dias anteriores nada termos recebido relativamente a qualquer reunião preparatória conjunta da dita manifestação, bem como o facto de praticamente não se ver afixado qualquer cartaz na baixa do Porto. Mais estranho achámos o facto de apenas se encontrarem no local uma meia dúzia de pessoas conhecidas como sendo do “BE” e poucas mais. Por volta das 15.30 h., depois de algumas pessoas do BE, da Assembleia Popular do Porto e do SOV-Porto/AIT-SP terem agitado nos megafones o tema do desemprego, dos diversos pontos de vista presentes, iniciou-se a manif com cerca de 35 ou 40 pessoas, seguindo o percurso até à praça D.João I – (perto da qual decorria também uma reunião do PS , no teatro RIVOLI…).
No início da manif tinha-nos ocorrido a ideia de simplesmente a abandonarmos perante o falhanço evidente da convocação da mesma pelos elementos do MSE (?)e do BE. Tampouco acabámos por fazer a “performance” que tínhamos antes planeado (“queima dos bancos…ou dos banqueiros?”) , já que não tínhamos conseguido ter qualquer contacto prévio com os responsáveis pela organização da manif no Porto e nem sequer sabíamos já muito bem se ela se iria ou não realizar. Mas uma vez que tínhamos um comunicado nosso a distribuir sobre o tema do desemprego – além de termos também uma faixa de solidariedade com os mineiros das Astúrias e Leon e informação a distribuir sobre o mesmo tema e também de apoio à campanha de boicote da secção CNT de Salamanca à Telepizza, - aproveitámos para distribuirmos os nossos materiais e no fim, já na Pr. D.João I, para repetirmos pelo megafone, que para nós não fazia sentido separar a luta dos trabalhadores sem trabalho da dos com trabalho, etc, etc. (vide nosso comunicado anexo).
Uma vez na pr.D.João I soubemos que elementos da Ass.Popular do Porto e do PCTP/MRPP não tinham participado na manif por não concordarem com o seu objectivo e slogan principal, o “Direito ao trabalho”, preferindo a ideia do “trabalho com direitos”. Também outros, perante as escassas dezenas de pessoas presentes no início da manif., tinham preferido ir para a assembleia de ex-ocupantes da pequena biblioteca da Pr. do Marquês.
No fim da manif e perante a presença de participantes da tal reunião do PS –que estavam no intervalo, fora do Rivoli – estabeleceram-se vários focos de discussão animada, entre elementos nossos e da APP com diversos elementos do PS , sobre o “socialismo” do PS, sobre o anterior governo de Sócrates e sobre o enorme “mercado de tachos” governamentais para os seus “boys” e “girls” que o PS constitui …
JP.
Comunicado distribuido:
Que TRABALHO?... Que EMPREGO?... Que FORMA DE VIDA?...
Estaremos condenad@s por “decisão divina” a “amassar o pão com o suor do nosso rosto”- enquanto outros amassam é as suas riquezas e privilégios com a nossa miséria, com a nossa saúde e com o nosso engano ?...
Estaremos condenad@s a aceitar trabalhar para empregadores, patrões, gestores, sem um mínimo de condições – apenas as que nos permitam continuar a ser escrav@s assalariad@s no dia seguinte?...
Estaremos condenad@s a fazer apenas o que dê lucro para alguns – mesmo que não sirva para mais nada?...
Estaremos condenados a ter que acatar um borrão chamado “código de trabalho” só porque foi assinado por alguns privilegiados, governantes e “representantes” que nada sabem das nossas vidas?...
NÃO ESTAMOS! …NÃO SOMOS APENAS “MÃO DE OBRA”, “RECURSOS HUMANOS”, “FACTORES DE PRODUÇÃO”! SOMOS GENTE! SOMOS PESSOAS!
EXIGIMOS RESPEITO PELA NOSSA DIGNIDADE e NÃO APENAS “UM POSTO DE TRABALHO”!
O planeta Terra (ainda) aí está, com os “recursos naturais” e com as “novas tecnologias” (algumas tão anti-ecológicas” como anti-humanas), que em vez de servirem para acabar com a fome e a desigualdade entre a Humanidade têm é servido sobretudo para acumular o poder, o dinheiro e os privilégios nas mãos de uma classe parasitária – a burguesia, privada ou de Estado – que não se importa de deixar atrás de si a destruição do planeta e dos seus habitantes desde que isso lhe garanta lucros chorudos!...E se isto pode ser visto como uma inconsciência e uma estupidez grave…é a prática que hoje se vê!
Por isso, quando tudo aquilo que foi construído pelos braços das classes trabalhadoras –cidades, casas, fábricas, pontes, campos de cultivo, máquinas, transportes, etc…- já não garanta à burguesia (banqueiros, financeiros, empresários, governantes…) o lucro que ela quer…que se lixe!...Caia abaixo, abandone-se, destrua-se… É esse o cenário da atual dita “crise”. Cada vez se produz menos com a “força de trabalho” operária e mais com novas tecnologias, cada vez se responde menos às necessidades vitais da população mas mesmo assim cada vez mais se acumula riqueza e privilégios numa minoria da população e miséria, carência e desemprego na maioria. Mas isto não é algo que seja acidental. Isto é provocado para que o chamado “exército industrial (ou de mão de obra) de reserva”, sirva de pressão a quem (ainda) tem trabalho a aceitar de patrões e gestores, as piores condições de trabalho possíveis. Isto é a atualidade, isto é o CAPITALISMO – que não irá abaixo nem com eleições nem através de quaisquer “representantes”!
Mas continuam a surgir sempre “novas”FORMAS D@s TRABALHADORAS/ES E DO POVO RESISTIREM à destruição que o capitalismo leva a efeito. A atual luta dos mineiros das Astúrias e de Leão contra o encerramento das minas, bem como, em Março passado, a ocupação da Cerâmica de Valadares pelos trabalhadores para obrigar o patronato a pagar os salários em atraso, com os seus altos e baixos, apontam o caminho da luta e da ACÇÃO DIRETA D@S TRABALHADORAS/ES como o único caminho consequente a tomar, até à ocupação dos locais de trabalho onde isso seja possível e a AUTOGESTÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO E DA PRODUÇÃO pel@s própri@s trabalhadores/as.
Existem também outras formas de produzir o que é necessário à vida, e inclusive outras formas de consumir (sem intermediários),dividindo tanto os esforços como os resultados por todos, sem ter de alimentar parasitas privilegiados nem ter de destruir o planeta. É isso que procuram as atuais experiências de ECONOMIA ALTERNATIVA E SOLIDÁRIA.
Inspirados pelo ANARQUISMO e pelo ANARCO-SINDICALISMO, adiantamos aqui as ideias e experiências práticas da AUTO-ORGANIZAÇÃO, da AUTOGESTÃO, da ACÇÃO DIRETA, da DEMOCRACIA DIRETA ASSEMBLEÁRIA como formas de ALTERNATIVA REAL AO CAPITALISMO, à MISÉRIA e ao DESEMPREGO actuais.
A LUTA CONTRA O DESEMPREGO E A PRECARIEDADE
Dado que hoje a tendência geral é para tod@s sermos DESEMPREGAD@S e/ou PRECÁRIOS, defendemos a necessidade de nos unirmos na mesma organização TRABALHADORAS/ES COM E SEM TRABALHO, desempregad@s ou não, de curta ou longa duração, reformad@s, utentes dos apoios sociais, novos ou velhos.
Só assim poderemos criar as relações de ENTRE-AJUDA e de SOLIDARIEDADE efetiva entre nós que nos permitam organizarmo-nos devidamente para RESISTIR AO CAPITALISMO e criarmos alternativas reais em vez de continuarmos a fazer apenas ações simbólicas que nada mudam (além das moscas).
A luta contra o DESEMPREGO passa também por criarmos UMA OUTRA FORMA DE PRODUZIR, DE TRABALHAR e UMA OUTRA FORMA DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL – que nós chamamos de COMUNISMO LIBERTÁRIO.
Continua a ser necessário, cada vez mais, manifestarmos o nosso descontentamento e a nossa revolta, ocuparmos as ruas, as praças, os locais de trabalho que ameaçam fechar – MAS ISSO JÁ NÃO BASTA!
O Capitalismo, mascarado ou não de “democrata”, não nos oferece senão duas hipóteses:
a)ou aceitarmos as condições de trabalho mais degradantes e precárias, os “direitos” laborais e sociais reduzidos ao mínimo… e passamos fome –se não lutarmos pelos direitos que foram conquistados no passado e que nos estão a roubar!
b)ou engrossamos a multidão d@s desempregad@s …e passamos fome – se não resistirmos, se não lutarmos SOLIDÁRIAMENTE pelo direito À VIDA!
Daí que defendamos hoje a criação de SINDICATOS REVOLUCIONÁRIOS, só com voluntári@s, sem burocratas pagos, sem subsídios do Estado e independentas dos partidos. Daí que defendamos a criação de NÚCLEOS/SECÇÕES de empresa e locais, da AIT-SP (organização anarco-sindicalista portuguesa), de COMITÉS POPULARES que organizem ASSEMBLEIAS POPULARES NOS BAIRROS e que organizem a resistência contra os despejos, contra os aumentos de rendas e serviços públicos e pela ocupação de casas devolutas. Mas também a organização nos bairros e nos locais de habitação de GRUPOS COOPERATIVOS DE CONSUMIDORES-TRABALHADORES, de REFEITÓRIOS POPULARES, de ASSEMBLEIAS DE MORADORES e a REANIMAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES POPULARES.
CONTRA QUEM NOS ESTÁ A ROUBAR – CONTRA-PODER POPULAR!
Quem está de momento desocupad@, tem no apoio à organização de todas estas atividades e de muitas outras (hortas populares, animação e educação popular, grupos de divulgação, criação de círculos de estudos sociais, etc, etc.…) muito em que aplicar a sua energia criativa… Por isso a situação de desemprego forçado que o capitalismo nos impõe DEVA SER VIRADO CONTRA ELE, de todas as maneiras possíveis, nomeadamente ajudando quem ainda tem trabalho a organizar-se e a resistir. DESEMPREGAD@S SIM, DESOCUPAD@S NÃO!
a avalanche de atropelos,é táo grande e abrangente, que deixa o cidadão comum a pensar se ade salvar a panela ou o lume!
ResponderEliminarhá que começar a pensar de que servem estas defesas,porque é o inimigo que monopoliza o que se cozinha!
entretanto de nada servem desânimos.força porque é o BRAÇO QUE VINGA!
Claro que o comentário acima pode parecer duro e "excessivamente crítico"...Claro que "só não comete erros quem nada faz"...
ResponderEliminarMas aqui "o erro" afigura-se sobretudo ser um erro de sectarismo por parte de quem tomou a cargo a organização da realização no Porto: nós no sov-Porto/AIT-SP não somos desconhecidos nem estamos clandestinos.Afirmamo-nos ANARCO-SINDICALISTAS e não o escondemos!... Temos estado presentes nas realizações alargadas de rua dos últimos meses no Porto -manifestações e concentrações contra a actual situação social miserável - onde distribuímos a nossa propaganda e informação, onde divulgamos os nossos contactos, etc...
A não ser que de facto os organizadores do BE da manif do Porto do MSE não tivessem qualquer interesse em contar com a nossa presença - e é bem possível que sim dada a nossa posição refractária à política representativista e parlamentar - nada justificaria a total ausência de qualquer informação relativamente à tal REUNIÃO PREPARATÓRIA , que por informações mais recentes afinal até se chegou a fazer mas...no segredo dos deuses...
Pelos vistos quem fôr DESEMPREGADO, SUB-EMPREGADO, TRABALHADOR/A, anti-capitalista mas não-parlamentarista, nem alinhe com as representocracias e a parlapatice instituída, só deverá "participar" nestas iniciativas se fôr para fazer número...
Pensaremos melhor decerto das próximas vezes!
J.R.