segunda-feira, 29 de abril de 2013

Comunicado do Secretariado da AIT /IWA

1º de Maio de 2013: a emancipação dos trabalhadores deve ser uma tarefa dos próprios!

 A origem do 1º de Maio remonta aos Estados Unidos da América, em 1886, quando foi encetada uma greve pela reivindicação do dia de trabalho das 8 horas. Durante esta campanha uma bomba foi atirada para a manifestação em Chicago, a polícia prendeu um número de anarquistas que haviam sido proeminentes na luta pelo dia de trabalho das 8 horas.
Os homens presos estavam claramente inocentes, mas quatro destes foram executados pelo Estado enquanto outro morreu na sua cela, alegadamente, por suicídio. A execução dos quatro homens, que se tornaram conhecidos como os mártires de Haymarket, (em Chicago )despoletou um protesto da classe trabalhadora por todo o mundo fazendo com que o 1º de Maio fosse declarado o dia internacional dos trabalhadores em comemoração do sacrifício dos quatro homens assassinados.
Neste 1º de Maio vamos não só lembrar o sacrifício dos mártires de Haymarket, mas também celebrar o internacionalismo dos primeiros movimentos de trabalhadores que desencadearam um protesto em massa contra a execução dos quatro homens.
A mensagem do 1º de Maio é que o capitalismo é um sistema global que deve ser combatido pela classe trabalhadora internacional. E que a luta da classe trabalhadora deve ir para além das fronteiras nacionais e que o confronto com o inimigo capitalista deve ser  levado a cabo  à escala internacional.
E à medida que nos aproximamos deste 1º de Maio, a necessidade de uma ação internacional coordenada da classe trabalhadora contra o capitalismo nunca foi maior. O capitalismo como sistema global mantém-se sob a égide da crise que procura ultrapassar, atacando a classe trabalhadora. País após país, os governos estão a diminuir salários, a piorar condições de trabalho, e atiram pessoas para o desemprego numa tentativa de sanar o sistema capitalista. O mote do capitalismo é “expandir ou morrer”, e a crise é usada como pretexto para destruir serviços públicos. Na realidade é uma expansão para a abertura de mercados e capital para corporações privadas.

A segurança laboral está a tornar-se, rapidamente, uma memória distante, à medida que aumenta o número de trabalhadores forçados a aceitar contratos de trabalho em part-time, temporários e flexíveis. Assim tem sido e isto tem conduzido um crescente número de trabalhadores à existencia  num estado permanente de insegurança na qual a vida é reduzida a uma luta constante para encontrar trabalho suficiente para sobreviver. Um sistema capitalista globalizado está a produzir um exército de reserva de trabalhadores a nível mundial que podem ser contratados e despedidos à vontade para ir ao encontro das exigências em constante mudança de métodos de produção capitalista cada vez mais flexíveis.
Face a esta investida capitalista, os sindicatos reformistas tem-se demonstrado impotentes: estes estão dependentes de apoio legislativo e subsídios dos mesmos que estão a encetar os ataques - e a maioria deles rendem-se ou lutam. E se eles se mobilizam, são condenados ao fracasso, visto não estarem construídos para contra-atacar em frentes abrangentes, e dependendo da sua própria força. Desta forma, os sindicatos tornam-se instituições de serviços tornando-se um fardo nas costas dos trabalhadores, e não  ferramentas livres para a auto-organização e emancipação.
Por todo o mundo este mito social democrata de colaboração social está a tornar-se rapidamente falido, face aos ataques em crescendo perpetrados pelos capitalistas. Na europa, os capitalistas e os seus estados estão a atacar trabalhadores e a desmantelar o “denominado” estado de bem estar. Chipre é apenas o último no crescente número de países da UE a implementar as medidas de  austeridade apontadas para fazer a classe trabalhadora pagar pela ganância dos banqueiros e a inerente instabilidade do sistema capitalista.
Na China, India, Brasil e por todo o mundo em desenvolvimento, o processo de rápida industrialização está a caminho, destruindo as vidas de biliões de trabalhadores enquanto enriquecem uma pequena elite. Na Ásia e em África a maioria ainda enfrenta a pobreza abjeta nas qual milhões de trabalhadores morrem de fome e de doenças previsíveis.
As ideias e métodos socialdemocratas não oferecem qualquer solução, e é chegado o tempo de abandonar a ideia de tentar apaziguar o capitalismo e começar a confrontá-lo. Para isto, nós, como trabalhadores, devemos agir internacionalmente e de acordo com as nossas forças por meio de organizações geridas por nós próprios e não por funcionários pagos.
Tais organizações não fazem colaboração de classe e não recebem subsídios dos capitalistas nem do Estado. O anarco-sindicalismo é a favor da ação direta, do apoio mútuo e da solidariedade entre trabalhadores. O objetivo imediato do anarco-sindicalismo é confrontar o capitalismo e o estado de forma a obter ganhos para os trabalhadores; o nosso objetivo final é destruir o capitalismo e substitui-lo por uma sociedade baseada no comunismo libertário.
A AIT tem uma tradição orgulhosa de internacionalismo da classe trabalhadora. A AIT foi fundada num congresso que teve lugar em Berlim entre 25 de dezembro de 1922 e 2 de Janeiro de 1923, e como tal, 2013 marca o 90º aniversário deste congresso. A  AIT nasceu num tempo em que o capitalismo sofreu um longo período de globalização. Então como agora, o capitalismo usou as forças da globalização contra os trabalhadores.
No congresso da AIT de Berlim, em 1922, estavam presentes sindicatos de 10 países representando 1 a 2 milhões de trabalhadores. Ao longo dos anos seguintes o anarco-sindicalismo havia-se já espalhado por todo o mundo... À medida que a ameaça fascista crescia, o anarco-sindicalismo envolveu-se num conflito agudo com o fascismo numa tentativa de o destruir. No entanto, o fascismo e o totalitarismo Bolchevique do comunismo de Estado esmagou o movimento, e a AIT emergiu da segunda guerra mundial em mau estado.
Os últimos 30 anos, no entanto, têm visto o aumento da influência da AIT ao ponto de haverem, atualmente, 13 secções, e à medida que a AIT tem crescido, também a nossa habilidade para organizar ações internacionais coordenadas. A AIT é hoje a única organização revolucionária de trabalhadores capaz de organizar ações internacionais de uma forma regular e sustentada.
Na chegada a este 1º de maio, a AIT está a lançar três dias de ação, em 29, 30 de Abril e 1 de Maio contra as medidas capitalistas de austeridade, exploração e opressão. As secções da AIT irão organizar ações com foco em questões globais, regionais e locais, conflitos laborais, etc. como parte de uma campanha internacional coordenada.
Ao fomentar estes dias de ação internacional e muitas outras ações urgentes de solidariedade, a AIT quer demonstrar que o movimento dos trabalhadores não tem pátria, e que somos capazes de ultrapassar as forças mesquinhas do nacionalismo que procura dividir e cegar-nos para o verdadeiro mal que é o capitalismo!

A emancipação dos trabalhadores deve ser tarefa dos próprios!
Longa vida à AIT e ao anarco-sindicalismo!

Oslo, Abril 24-2013
Secretariado da AIT

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