quinta-feira, 28 de maio de 2015

             O LOCK OUT E AS « INSOLVÊNCIAS – ESSA ARMA DOS PATRÕES
Algumas pessoas só sabem “condenar” os trabalhadores por fazerem greves. Mas ignoram ou fingem ignorar , o facto de nos últimos anos muitos patrões terem eles, isso sim, recorrido a “lock-outs“ – essas « greves » dos patrões, encerrando as empresas a pretexto da « crise » - que tem sempre as costas largas !- e recorrendo à « insolvência » e ao « lay-off » como forma de o Estado, através do Ministério do Trabalho, nomear um gestor provisório, arcando então apenas muito parcialmente com as dívidas aos trabalhadores e aos credores da empresa,  ficando a Segurança Social de financiar o resto…Foi isto que se passou em 2012 na agora só parcialmente recuperada  Cerãmica de Valadares e em tantas outras empresas que declararam a insolvência… Algumas delas, como é sabido, fechando num local, para abrirem logo de seguida, noutro, com outro nome…Mas claro, tudo isto muito « legal »- porque hoje, cada vez mais as « leis » estão do lado do$ de sempre…

   SITUAÇÃO LABORAL NA SOCITREL –São Romão do Coronado

QUERER TRABALHAR E NÃO PODER… Situação da SOCITREL durante 8 meses               
Recentemente 150 operários e outros trabalhadores e trabalhadoras da fábrica SOCITREL (Sociedade Industrial de Trefilaria, SA ) , em São Romão do Coronado (Trofa) estiveram dois meses, Março e Abril, sem receber os seus salários. Só agora, no passado 15 de Maio, os começaram a receber. Entretanto a maioria dos operários da fábrica - que continua com a produção parada pela administração desde Setembro passado- decidiram então concentrar-se diáriamente na entrada da fábrica, esperando uma resolução da situação.
DESIGUALDADES GRITANTES E GASTOS À TRIPA-FÓRRA DA ADMINISTRAÇÃO…
Nesta empresa a desigualdade entre a situação dos trabalhadores –com salários médios de cerca de 600 € mensais- e a dos administradores e chefias – por ex.o, o director financeiro que entrou para a empresa a ganhar 2.000 € e ultimamente com 6.000 € mensais e estando a maioria dos chefes com ordenados de cerca de 1.300 € - tem sido gritante. A maioria não têm aumentos salariais desde há dois anos nem nunca receberam diuturnidades, mesmo os que estão  há mais de 20 e 30 anos na empresa. Mas, quando  houve aumentos, também aí a desigualdade foi extrema, sendo eles de cerca de 2% para a maioria dos trabalhadores e de 10 e 20% para administradores e chefias!
Muitos apontam também para os luxos dos administradores em contraste com a “austeridade” dos trabalhadores:  telemóveis e frota automóvel  “topo de gama” (Audios, Passapes,…) , com tudo o mais à conta da empresa -combustível, seguros, manutenção…
Tendo a empresa um passivo de cerca de 80 milhões de euros, o então diretor geral, Francisco Simões, declarou recentemente a um jornal que a laboração seria “retomada em Junho”…
Mas o certo é que estes dois últimos meses tornaram a vida um inferno para os operários e demais trabalhadores, com o risco de perderem as suas casas por falta de pagamento e de não poderem alimentar os filhos, com o constante adiamento pela administração da data de pagamento dos salários em atraso. E a partir de agora como será?...
Recentemente, em meados de Maio, os trabalhadores receberam finalmente os mais de dois meses de salários em atraso, tendo também sido informados de que estariam em curso contactos dos patrões actuais com os da empresa F.RAMADA para a sua eventual venda. A ser assim, com a compra da fábrica por esta ou por outra empresa, dentro em breve (Junho?) recomeçaria a laboração – o que poderia responder ao anseio da maioria, de ver recuperados os seus postos de trabalho.
Entretanto o tempo passa, e independentemente de qualquer mudança de administração, ou os trabalhadores e trabalhadoras da empresa se previnem e organizam de forma a que a sua situação possa melhorar e não  ser uma incerteza como tem sido todo este tempo frente à ganância da administração, ou nada mais poderá garantir a melhoria das suas vidas – tanto mais quando os actuais governantes, sem serem contestados categoricamente e na prática pelos seus opositores do PS ou outros, andam para aí a falar na “necessidade” de “tornar menores  (ainda?...) os custos do trabalho” (ou seja salários e outros benefícios dos trabalhadores) para os patrões, para “atraírem mais investimentos”…   

E AGORA, QUE FAZER?...
Nesta situação, um PRIMEIRO passo poderá ser os trabalhadores continuarem o hábito já criado de se reunirem em ASSEMBLEIA uns com os outros/as (e não com patrões e chefias) não precisando de outros “representantes” senão deles próprios, para decidirem em conjunto as medidas a tomar e como as tomar, contra a continua exploração de que vêm sendo alvo nestes últimos anos e que poderá continuar....
 Nisso não estarão sós, terão todo o nosso apoio possível à escala da pequena organização que (ainda) somos, sabendo no entanto que jamais venderemos os interesses dos trabalhadores a qualquer partido, a qualquer governo ou a quaisquer máfias patronais ou outras!...O SEGUNDO passo poderá ser , que alguns  se possam já organizar de forma discreta na empresa, como secção da AIT-SP –uma organização de trabalhadores, sem “chefes” , nem partidos, nem “representantes” que possam ser “comidos” pela “entidade patronal” -  ligando-se à Associação Internacional dxs Trabalhadores, existindo em cerca de 14 países, onde o que vale é a ideia de que UMA OFENSA A UM/A É UMA OFENSA A TODOS/AS, e a ideia da SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL ACTIVA .

O QUE FOI A SOCITREL NOS ÚLTIMOS ANOS
A SOCITREL é uma das principais produtoras de ferro trefilado (arame, pregos,…) e fazia parte do grupo económico PREVIDENTE, entretanto extinto, possuindo então fábricas em Espanha, Itália e Angola - e perdendo a que chegou a ter em Moçambique por situações de gestão ainda pouco claras…
A SOCITREL não era uma empresa “pobrezinha”!...(embora os salários pagos aos operários nunca tenham sido altos!) .  Eram conhecidos os seus principais clientes armazenistas, no Porto e em Gaia. Mas foi o ESBULHO dos seus lucros pela administração anterior que levou à situação anterior de quase falência.
Agora, caso a situação dos trabalhadores continue a pôr em causa o seu direito à DIGNIDADE, estes saberão decerto como assegurar que essa dignidade como trabalhadores e pessoas, seja respeitada pelos patrões e seus apoiantes – SEJAM ELES QUAIS FOREM!  

Contem connosco para essa luta!

MANTER OS POSTOS DE TRABALHO da SOCITREL!
NEM DESLOCALIZAÇÃO, NEM DESPEDIMENTOS! MELHORIA DAS CONDIÇÕES LABORAIS! (salários, diuturnidades, prémios de produção fixos – integrados nos salários, …)
AUTO-GESTÃO PELOS PRÓPRIOS TRABALHADORES PODE SER UMA SOLUÇÃO!
(Veja-se o exemplo das 200 operárias da Afonsinho, 5 anos em AUTOGESTÃO, em Arcos de Valdevez!...)        

VIVA A DIGNIDADE DA CLASSE OPERÁRIA! VIVA A LUTA DAS CLASSES TRABALHADORAS!

S.O.V-Porto da AIT-SP
Porto, 27 de Maio, 2015

3 comentários:

  1. Nesta mesma altura verificaram-se no Norte conflitos laborais por motivos, semelhantes ou não, nas seguintes empresas:
    .CAMAC, fábrica de pneus, em Santo Tirso, com 140 operários, com salários de Abril - e outros constantemente desde há três meses - e subsídio de natal de 2014, em atraso, recusando-se os trabalhadores a voltar ao trabalho enquanto não forem pagos.
    .EUROSPUMA, em Espinho, com 190 operários/as que iniciaram uma greve de dois dias, reivindicando aumentos salariais - que não têm desde há 10 anos! - e cumprimento da contratação colectiva de trabalho do Sector Químico, já que os patrões pretendem aplicar sim o da Cordoaria (sector têxtil) menos favorável aos trabalhadores.

    Mas à medida que a tendência que se verifica por parte de governantes e patronato é a de "embaretecer" os custos do trabalho para atraír investimentos de capitais estrangeiros, há também a tendência por parte das classes trabalhadoras para não continuarem a sofrer os baixos salários e as "austeridades" impostas pelos de sempre em nome da "crise" que eles e os bancos criaram.
    .
    UNIDXS E AUTO-ORGANIZADXS NÓS DAMOS-LHES A "CRISE"!
    CONTRA O ESTADO E O CAPITAL - AUTOGESTÃO!

    z.p.

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  2. Nesta mesma altura verificaram-se no Norte conflitos laborais por motivos, semelhantes ou não, nas seguintes empresas:
    .CAMAC, fábrica de pneus, em Santo Tirso, com 140 operários, com salários de Abril - e outros constantemente desde há três meses - e subsídio de natal de 2014, em atraso, recusando-se os trabalhadores a voltar ao trabalho enquanto não forem pagos.
    .EUROSPUMA, em Espinho, com 190 operários/as que iniciaram uma greve de dois dias, reivindicando aumentos salariais - que não têm desde há 10 anos! - e cumprimento da contratação colectiva de trabalho do Sector Químico, já que os patrões pretendem aplicar sim o da Cordoaria (sector têxtil) menos favorável aos trabalhadores.

    Mas à medida que a tendência que se verifica por parte de governantes e patronato é a de "embaretecer" os custos do trabalho para atraír investimentos de capitais estrangeiros, há também a tendência por parte das classes trabalhadoras para não continuarem a sofrer os baixos salários e as "austeridades" impostas pelos de sempre em nome da "crise" que eles e os bancos criaram.
    .
    UNIDXS E AUTO-ORGANIZADXS NÓS DAMOS-LHES A "CRISE"!
    CONTRA O ESTADO E O CAPITAL - AUTOGESTÃO!

    z.p.

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  3. Z.P., a denuncia não chega!. quando os afectados não se agrupam para atingir o fim,pelo simples facto de estarem penhorados por pouca cousa,ou comprometidos com rebuçados fúteis,esquece a máxima da união do proletariado.
    porque a sociedade que temos já a matou! o individualismo institucionalizado trás a cada um de nós uma outra responsabilidade...o saber dizer não e em cada um de nós saber travar batalha com as armas que se apresentam.
    há que passar palavra nesse sentido!

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